Definir o valor da sua consulta é uma das etapas mais desafiadoras para quem atua como consultora de amamentação. Afinal, estamos falando de um serviço essencial, que envolve conhecimento técnico, acolhimento, tempo, deslocamento, materiais e uma entrega que vai muito além do atendimento em si. Mas como precificar com clareza e segurança?
Neste artigo, você vai entender quais fatores considerar para formar seu preço de forma justa, coerente com a realidade do mercado e, principalmente, sustentável para que seu trabalho seja valorizado e rentável.
Por que falar sobre precificação é essencial para consultoras?
A consultoria em amamentação é uma atividade nobre, muitas vezes iniciada por amor à causa materno-infantil. No entanto, amor não paga boletos. Portanto, ter uma visão empresarial é indispensável para garantir a continuidade do seu propósito e a qualidade do atendimento oferecido.
Se você deseja que a consultoria seja sua fonte principal de renda (ou complementar com impacto), então precisa dominar o básico da gestão financeira. E tudo começa entendendo seus custos e o valor da sua hora. Além disso, compreender esses fatores ajuda na tomada de decisões mais conscientes.
Quais são os pilares da precificação?
Para formar um preço justo e consciente, você precisa considerar cinco fatores fundamentais. São eles:
- Custo fixo
- Custo variável
- Custo indireto
- Valor da sua hora
- Margem de lucro
Dessa forma, sua precificação será mais estratégica e compatível com a realidade do seu negócio.
1. Custo fixo
Esses são os custos que você terá independentemente do número de atendimentos realizados. Exemplos incluem:
- Plano de celular
- Internet
- Marketing (redes sociais, site)
- Aluguel do consultório (caso tenha)
- Mensalidade de plataformas (Zoom, Canva, RD Station etc.)
Portanto, é importante incluir todos esses itens no seu planejamento financeiro mensal.
2. Custo variável
Esses custos variam de acordo com o número de atendimentos. Exemplos incluem:
- Materiais descartáveis (luvas, campos, protetores)
- Deslocamento (Uber, gasolina, manutenção do carro)
- Estacionamento, pedágios ou taxas específicas
Além disso, é fundamental usar planilhas para calcular o valor por km rodado, considerando manutenção, depreciação e consumo de combustível.
3. Custo indireto
Incluem os investimentos que você faz para evoluir como profissional e que precisam ser diluídos nos atendimentos. Por exemplo:
- Congressos, cursos, livros e formações
- Equipamentos (como bomba de leite, laser, bonecas anatômicas)
- Hospedagem e deslocamento para eventos
Logo, um congresso de R$ 4.000,00 pode ser diluído entre 120 atendimentos no ano, gerando um custo indireto médio de R$ 33,33 por atendimento.
4. Valor da sua hora
Calcular o valor da sua hora é essencial. Para isso:
- Defina sua profissão base (ex: enfermeira, nutricionista, fonoaudióloga)
- Consulte a média salarial regional
- Divida o salário pela carga horária mensal (geralmente 176h)
Por exemplo, uma enfermeira que ganha R$ 4.750,00 e trabalha 44h semanais tem valor hora de R$ 26,98.
5. Margem de lucro
Após conhecer seus custos e o valor da sua hora, adicione uma margem de lucro realista com base no público que você atende:
- Público A: 100% a 150% sobre os custos
- Público B: 70% a 100%
- Público C: 50% a 70%
Consequentemente, ajuste essa margem considerando sua localização e perfil da clientela. Isso é essencial para manter a sustentabilidade do seu negócio.
Fórmula básica da precificação
Aqui está o cálculo sugerido:
Preço final = custo operacional por atendimento + (valor da sua hora x tempo do atendimento) + margem de lucro
Veja um exemplo prático:
- Custo operacional: R$ 20,00
- Tempo do atendimento: 2h
- Valor da hora: R$ 27,00
- Margem de lucro: 70%
Preço bruto: R$ 20 + (2 x 27) = R$ 74,00
Preço com lucro (70%): R$ 125,80 (arredondar para R$ 130,00)
Como saber se o valor é compatível com o mercado?
Além dos seus custos e metas, você precisa conhecer o comportamento do consumidor da sua região. O IBGE aponta que, em média:
- Em Curitiba, o valor mínimo aceitável por uma consulta é de R$ 261,22
- Em São Paulo, o mínimo sobe para R$ 310,64
Esses valores correspondem a cerca de 5% da renda mensal das famílias nessas cidades. Dessa forma, você pode fazer o mesmo cálculo para sua cidade e identificar o teto que sua clientela está disposta a pagar.
Mas e se eu estou começando agora?
Tudo bem não cobrar alto no início. Você pode:
- Oferecer atendimentos gratuitos como estratégia de portfólio
- Realizar parcerias em troca de depoimentos ou divulgação
No entanto, saiba exatamente quanto custa o seu atendimento gratuito para que isso entre como investimento no seu negócio e não como prejuízo invisível. Além disso, tenha clareza que esse é um passo estratégico, e não um padrão definitivo.
Conclusão: valorize sua entrega
Preço é o que se cobra, valor é o que se entrega. A consultoria de amamentação exige preparo, estudo constante, empatia, habilidade clínica e escuta sensível. Portanto, você deve ser bem remunerada por isso.
Tenha clareza dos seus custos. Defina sua margem de lucro. Avalie sua realidade local. Ajuste com estratégia. Em resumo, não tenha medo de cobrar o justo. Mulheres bem remuneradas investem mais em si, estudam mais e entregam melhor.
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